FILOSOFIA E ADMINISTRAÇÃO
Apresentação
O presente texto tem por finalidade apresentar possíveis relações entre a Filosofia e a Administração. Antes de qualquer coisa, proporemos as definições de ambos os termos, ou seja, um entendimento preciso do que compreendemos por Administração e também por Filosofia. Para tanto, não nos deteremos em autores específicos, mas partiremos da compreensão geral que desenvolvemos de ambos os termos, considerando que cada um deles guarde a essência daquilo que pretendemos definir.
Tomemos inicialmente a filosofia como “uma postura assumida pelo indivíduo diante da realidade que o cerca, postura essa caracterizada pela sua capacidade reflexiva, da qual decorre sua capacidade de análise crítica, rigorosa e radical dessa mesma realidade”.
O que é Filosofia
A palavra FILOSOFIA se originou de outras duas palavras:
Filo = Amizade, amor, paixão (afeto)
Sophya = conhecimento, sabedoria.
Utilizada pela primeira vez por Pitágoras de Samos (570 a 490 AC), a palavra designava “o amigo da sabedoria”, ou seja, o filósofo é o Amigo do Saber.
Os gregos antigos diferenciavam dois tipos de conhecimento:
Por estar fundamentado na opinião e nos sentidos, a Doxa não era considerada como conhecimento válido, embora fosse o conhecimento mais comum presente no Ser Humano.
A Filosofia, em sua origem, por volta do século VI e V a.C., tinha como característica principal a busca pela Sabedoria através do uso metódico da razão. Nesse sentido, ela buscava diferenciar-se do Mito, a forma de conhecimento predominante no fornecimento de explicações para s fenômenos da Natureza, para as causas e os fins de tudo o que existia.
Da origem do mundo e do homem até a finalidade da vida humana, tudo era “explicado” pelos mitos.
Os Mitos eram narrativas (historias) contadas pela tradição oral, cuja finalidade era explicar, dar sentido á realidade.
A presença das divindades (deuses) e a magia eram as principais características da narrativa mitológica.
A Filosofia e o mito
O mito, contado de geração em geração pela tradição oral, explicava a realidade a partir da força mágica dos deuses que intervinham na realidade, manipulavam os fenômenos, controlavam os homens e dominavam o mundo.
Os mitos foram fundamentais para que o mundo antigo tivesse algum sentido. Contudo, diversos fatores passaram a fazer com que as explicações mitológicas se tornassem insuficientes para explicar a realidade. Nesse momento, uma nova forma de explicação começa a surgir... A filosofia.
A – Fatores Geográficos: A região da Grécia (onde nasceu a Filosofia) era cortada por vales e montanhas, portanto, inadequada para a expansão da agricultura. Isso fez com que a principal atividade econômica da região fosse o pequeno comércio, em sua maior parte, marítimo. Essa característica possibilitou que os gregos tivessem contato com diversos outros povos.
B – Fatores Econômicos: O intenso comércio forçou os gregos a adoção de unidades comuns de valores (moedas), o que facilitou a construção de um sistema lógico de pensamento.
C – Fatores Culturais: O contato com outros povos permitiu aos gregos a expansão cultural suficiente para não permanecerem fechados no seu próprio modelo.
D – Fatores Políticos: Devido à sua formação geográfica, não existiu entre os gregos um poder centralizado (como o do Faraó, no Egito, por exemplo), ou seja, a Grécia era formada por diversas cidades autônomas e independentes, denominadas Polis (ou cidade-estado).
De modo geral, inúmeros fatores contribuíram para o surgimento da Filosofia, contudo, mesmo com a Filosofia, os mitos não perderam sua força, mas foram lentamente cedendo espaço para as teorias filosóficas.
Depois de ler atentamente o texto, você pode também assistir aos vídeos indicados abaixo.
https://www.youtube.com/watch?v=KuPYR5fuHr8&hd=1 Filosofia: O que é? Para que serve? (Autora: Lívia Frazão. Duração 4:13 min)
https://www.youtube.com/watch?v=fGxrFw9RBQk&hd=1 Filosofia: O que é isto? (Autor: Paulo Ghiraldelli Jr. Duração 5:13 min)
https://www.youtube.com/watch?v=DHSobPyPD08&hd=1 A origem da Filosofia (Autor: Svem Bork. Duração: 4:08 min). Obs* Vídeo produzido por alunos de 1º Colegial)
https://www.youtube.com/watch?v=bz9wBXaQr0w&hd=1 Telecurso. Aula 1. Origem da Filosofia
O que é Administração
Quanto à administração, descartaremos sua compreensão como ciência, cuja definição é a ciência social cuja finalidade é sistematizar os princípios utilizados para administrar, e somente a tomaremos enquanto prática, a qual se define como “a ação de tomada decisões sobre recursos disponíveis a fim de que, por intermédio de pessoas, seja possível atingir determinados objetivos previamente estabelecidos”.
Por sua natureza, a prática da administração envolve diversas ações, como análise e planejamento, avaliação, controle, definição de objetivo e tomada de decisão. Isso implica dizer que a natureza da administração envolve um conjunto de habilidades e competências humanas, as quais não podem ser negligenciadas, por quem quer que seja, tanto no âmbito de uma organização ou fora dela.
Administrar, ao contrário do que possa parecer, é uma habilidade humana, ou seja, faz parte da natureza humana administrar. Todos nós, de uma forma ou outra estamos envolvidos com essa tarefa. Administramos recursos, administramos tempo, administramos afeto, enfim, todos nós precisamos administrar nossa própria vida. Isso, contudo não significa dizer que todos nos saímos bem nessa tarefa. Administrar bem requer o conhecimento dos princípios gerais da administração, e a habilidade de aplica-los nas tarefas desenvolvidas. Assim, embora todos, no seu cotidiano, sejam administradores, somente alguns conseguem fazê-lo de modo eficaz e eficiente, isto é, de modo profissional.
Administrar profissionalmente implica transformar essa habilidade natural em competênciapara o mercado. Uma vez alocadano ambiente organizacional, a denominamos profissão.
Ao profissional de administração, então, cabe atuar de forma competente em quatro áreas específicas: Planejamento; Organização; Liderança e Controle, portanto, sendo o filósofo caracterizado pelo rigor de sua análise, pela radicalidade de sua postura e pela amplitude de sua visão, compete a ele estabelecer, a partir das áreas de atuação do administrador, uma relação de aproximação entre a Filosofia e a Administração.
Podemos demonstrar isso no quadro abaixo:
Filosofia e Planejamento
Planejar, de acordo com o dicionário é “fazer o plano de; projetar; conjeturar, programar[1]” o queimplica no deslocamento do sujeito em direção a algo que ainda não aconteceu, mas que se espera acontecer. Há, portanto, na definição de planejamento duas noções fundamentais, a de futuro e a de intencionalidade.
Projetar-se em direção ao futuro é uma habilidade que somente o Ser Humano possui, pois requer a possibilidade de transcender o aqui e o agora, de ir além do momento presente.
Para planejar é necessário habilidade cognitiva, e mais ainda, é necessário intencionalidade. É preciso ter uma intenção, é preciso ter objetivos claros, é preciso ter metas seguras. Nesse sentido, planejar significa traçar o melhor caminho para onde se pretende chegar. Ao administrador que não sabe aonde quer chegar, qualquer caminho parece bom, e isso nos faz lembrar o célebre diálogo entre o gato e Alice, na obra de L. Carroll:
- Gatinho de Cheshire (...) poderia me dizer, por favor, que caminho devo tomar para ir embora daqui?
- Isso depende muito de para onde quer ir - responder o Gato.
- Para mim, acho que tanto faz... - disse a menina.
-Nesse caso, qualquer caminho serve - afirmou o Gato. (Carroll, 2000: 81)
Como é possível perceber no diálogo entre Alice e o gato, atingir o objetivo desejado ou outro qualquer é uma questão de planejamento.
Planejamento é uma ferramenta que auxilia a observação da realidade, construir um objetivo futuro e através deste criar metas para atingi-lo. Drucker (1984) afirma que "O planejamento não diz respeito a decisões futuras, mas às implicações futuras de decisões presentes".
Logo, Planejar é uma atividade humana, pois somente o ser humano é dotado dessa capacidade.
[Figura 1.2: Seres vivos:www.educar.sc.usp.br]
Embora sejamos seres biológicos (estamos situados na biosfera, e somos classificados dentro dela como reino Animália, filoChordata, subfilo Vertebrata, classe Mammália) nossa espécie Homo Sapiens se caracterizou pela capacidade de adaptação ás diferentes dificuldades que a natureza nos impõe. Nós não dispomos, por exemplo, da acuidade visual da águia real (Aquilachrusaetos) que é capaz de enxergar uma lebre a 3 km de distância; não possuímos a mobilidade cervical da coruja, que embora tendo os olhos fixos (imóveis no cérebro) é capaz de girar a cabeça em 270º, duas vezes mais que a espécie humana, e ainda possui a visão noturna 10 a 100 vezes melhor que a nossa.
Um Guepardo (Acinonyx jubatus) pode atingir a velocidade incrível de 110 km/h. Ainda que por alguns segundos apenas, a curtas distâncias, essa característica faz do Guepardo um caçador fenomenal, com capacidade de ataque devastadora.
Não possuímos um couro grosso e nem pêlos como o urso, para nos proteger do frio. Não podemos voar e não temos a carapaça protetora da tartaruga. Biologicamente, então, nossa espécie estaria fadada à extinção. Contudo, graças a um cérebro fantástico que comporta um complexo sistema nervoso, nós conseguimos nos adaptar às mais difíceis situações de sobrevivência. Inventamos o telescópio e o microscópio que nos permite enxergar muito além do que qualquer águia.Desenvolvemos meios de transporte terrestres, aquáticos e aéreos quepermite nos deslocarmos a velocidades muito superiores à do Guepardo. Qualquer aeronave comercial, por exemplo, atinge sem muito esforço a velocidade de 900 km/h. construímos casas, abrigos para o frio e o calor, e com armas de fogo abatemos animais que o tigre nem ousaria atacar.
Isso implica dizer que nossa natureza não se constituiu como limite ao nosso desenvolvimento, ao contrário, nos serviu como estímulo para o desenvolvimento da espécie. Isso de deveu, segundo estudiosos, á nossa capacidade cerebral. Desenvolvemos a linguagem simbólica e com ela comunicamos ideias, fatos, sentimentos. Desenvolvemos o trabalho e com ele produzimos nossa existência, alteramos a natureza, a modificamos e nos modificamos por ele. Seriam então a linguagem e o trabalho os pontos de transição entre a natureza e a cultura?Alguns estudiosos afirmam que sim.
Por linguagem compreendemos o sistema de signos que torna possível a comunicação entre os homens, portanto, a linguagem humana é simbólica, o que significa que para existir necessita da capacidade humana de simbolizar. Um símbolo é algo que “representa” alguma coisa, ou seja, que está no lugar dessa coisa, e isso implica na capacidade de pensar em algo que não esteja presente, isto é, pensar de forma abstrata. Eis a diferença fundamental entre o pensamento humano e dos demais seres, a abstração. Pensar abstratamente é ser capaz de se projetar para fora do tempo e do espaço em que estamos, passado ou futuro.
Por trabalho compreendemos qualquer atividade que dispenda energia física e/ou psíquica, contudo, o trabalho humano vai além dessa definição, pois requer planejamento, e graças a essa faculdade ele pode também transforma o homem que trabalha, além de transformar, como vimos, a natureza.
O que podemos perceber, de imediato, é que, qualquer que seja a atividade a que nos dedicamos, nossa capacidade de refletir sobre ela é que lhe agrega o valor que a diferencia das mesmas atividades desenvolvidas pelos demais animais da natureza. Os animais se comunicam e trabalham, mas ao fazerem, não atingem a complexidade das ações humanas, pois estas, ao contrário dos animais, não respondem apenas ao apelo dos instintos. Somente o Ser humano é capaz de atribuir sentido ás suas ações, somente o ser humano é capaz de desenvolver para suas ações um complexo de significados que lhe garante, em termos de evolução, a supremacia sobre as demais espécies da natureza.
É somente sob essa perspectiva que entendemos a grandeza do planejamento.
Planejar é conhecer e entender o contexto; é saber o que se quer e como atingir os objetivos; é saber como se prevenir; é calcular os riscos e buscar minimizá-los; é preparar taticamente; é ousar as metas propostas e superar-se de maneira continua e constante. Planejar não é só vislumbrar o futuro, mas é também uma forma de assegurar a sobrevivência e a continuidade dos negócios. (CHIAVENATO E SAPIRO, 2003: 19).
Dentre as funções de administrar, o planejamento se apresenta como o diferencial competitivo capaz de tornar o profissional indispensável (não insubstituível) para a organização. Administrar profissionalmente é antes de tudo ser capaz de planejar suas ações e as ações da organização, é ser capaz de vislumbrar, de sonhar e acima de tudo, é ser capaz de executar aquilo que foi planejado.
Uma última noção que julgamos fundamental no planejamento é a diferenciação entre a formulação de objetivos e a formulação de metas.
Formular objetivos significa estabelecer ações, estados ou resultados que se pretende atingir. Objetivos podem ser mais ou menos abstratos em função de generalidade ou especificidade que contemplam. Objetivos gerais se referem a resultados amplos, ao passo que objetivos específicos se referem a resultados mais restritos, geralmente aplicados a um espaço de tempo mais curto.
Metas, ao contrário, é quantificação dos objetivos, ou seja, somente o resultado esperado é um objetivo, mas esse resultado quantificado se transforma em meta. Podemos estabelecer como objetivo comprar um automóvel. Se estabelecermos que compraremos, em um ano, um automóvel que custa cinquenta mil reais, então estabelecemos uma meta. Observem que a meta pode nos auxiliar na tarefa de atingir os objetivos, pois elas podem torna-los mais claros e evidentes.
Filosofia e Organização
Outra função da administração é Organizar, que significa alocar todos os recursos disponíveis em função dos objetivos estabelecidos no planejamento, ou seja, organizar implica numa ação diretamente relacionada à capacidade de visualização do administrador. A visão de conjunto, conforme já vimos, é uma das características peculiares da postura filosófica, e sob esse aspecto, também é um pré-requisito fundamental para a função de administrar.
Conforme podemos observar na figura abaixo, a função de organizar, assim como todas as demais funções administrativas, está relacionada com todo o processo de administrar.
Observemos a figura[2]
Todas as demais funções administrativas dependem da organização, e nesse sentido, ela interfere em todas as demais funções também.
Logo, para administrar de forma eficiente há que se dispender um forte senso de organização. Mas organização, enquanto alocação de recursos, não se restringe somente a materias, mas também a pessoas, o que implica dizer que para administrar há que desenvolver uma habilidade especial: conhecer pessoas, e se importar com elas.
Organizar pessoas implica conhecê-las de modo particular, saber de seus interesses, seus sonhos, suas expectativas (profissionais e pessoais) e sobretudo, se importar verdadeiramente com isso, para alocá-las da melhir forma possível dentro da das possibilidades da organização. Visto sob essa perspectiva, é fundamental que se inverta a lógica até então adotada na maioria das organizações dos países em desenvolvimento, ou seja, aquela visão de que o funcionário está à serviço da missão e dos objetivos da empresa e como tal deve submeter-se com uma obediência quase milenar aos princípios adotados e impostos forçosamente numa hierarquia descendente, onde os últimos não possuem nenhum direito, somente deveres.
Não se trata obviamente de subverter ou negar a necessidade de hierarquia (pelo menos não nesse momento), mas de apontar para o fato de que a mudança de visão deve começar pelo modo como a empresa olha para seus membros nos mais diversos níveis hierárquicos. Não basta apenas subsituir a nomenclatura do funcionário chamando-o agora de “colaborador”. É preciso querer sua colaboração e estar preparado para aceitá-la, essa postura deve ir para muito além do mero discurso.
No interior de uma organização empresarial é que está seu bem mais precioso, ou seja, seus funcionários ou colaboradores. São eles o “meio de produção” mais dinâmico dentro de toda a cadeia produtiva, capaz de agregar ao produto ou serviço as vantagens competitivas que são capazes de criar e manter a organização forte no acirrado mercado de concorrência.
Como vemos, organizar recursos materiais e relativamente fácil, dispô0los de motomaximizado dentro das diversas tarefas requer um conhecimento técnico, mas conseguir o mesmo com pessoas requer contato, sensibilidade e humanidade. Eis a diferença quase subliminar entre o lucro simplesmente e o sucesso.
Filosofia e Liderança
Observe atentamente o que diz Munroe (s/d) [3] sobre Liderança e sua relação com a Filosofia:
A qualidade da liderança é determinada pela filosofia. Filosofia é o fundamento da crença e pensamento. Filosofia determina os motivos e convicções de uma pessoa e regula suas ações. Em outras palavras, independente de qual seja, a sua filosofia determinará como você se comporta e como você trata outras pessoas. Filo significa amor, e Sophia significa pensamento ou conhecimento. Portanto, filosofia significa amar com seus próprios pensamentos.
Como já vimos anteriormente, no radical da palavra Filosofia, encontramos não somente a razão, mas também a paixão. Líderes verdadeiros são, inevitavelmente, pessoas apaixonadas pelo que fazem, e por isso mesmo também são pessoas apaixonantes.
Há uma distinção bastante clara sobre a liderança, que não é a mesma coisa que controle ou comando. Para comandar, controlar, dirigir, etc., é necessário que se tenha poder.
Poder é o direito de deliberar, agir e mandar e também, dependendo do contexto, exercer sua autoridade, soberania, ou a posse do domínio, da influência ou da força. Poder é um termo de origem latina, e é definida por diversas áreas.Segundo a sociologia, poder é a habilidade de impor a sua vontade sobre os outros, e existem diversos tipos de poder: o poder social, o poder econômico, o poder militar, o poder político, entre outros. Alguns autores importantes que estudaram a questão de poder foram Michel Foucault, Max Weber, Pierre Bourdieu. [...].Para a política, poder é a capacidade de impor algo sem alternativa para a desobediência. O poder político, quando reconhecido como legítimo e sancionado como executor da ordem estabelecida, coincide com a autoridade, mas há poder político distinto desta, como acontece na revolução ou nas ditaduras. (disponível em http://www.significados.com.br/poder/ acesso em 25/05/2013) [grifo nosso]
Há, portanto, uma clara distinção entre comandar, dirigir ou controlar e liderar, pois essa última implica em algo que vai além do poder e da autoridade. A liderança se fundamenta na competência do líder e dela é que resultam seu poder e sua autoridade. Em sua etimologia, a palavra competência se origina do latim competeree é formada pelos radicais com (junto) e petere (disputar, procurar, inquirir). Isso nos revela a essência daquilo que queremos compreender como liderança. O chefe ordena, manda ou delega, mas o líder faz junto, faz com... Nisso fica evidente a sua competência e é essa competência que faz dele alguém digno de ser seguido.
Observe, portanto, que ser líder não precisa ser uma habilidade natural ou um dom divino concedido a alguns. A liderança é um estilo, uma concepção de mundo, uma filosofia de vida.
Então o modo como alguém pensa, controla como ela age. Portanto, a liderança é tão boa quanto a sua filosofia. A qualidade da sua liderança é diretamente controlada por sua filosofia.
Valores vêm da sua filosofia. Valores têm a ver com a honra que você dá a certas coisas. Seus valores são muito importantes porque eles determinam como você julga as coisas, se elas são importantes ou não. [...] Você pode achar que isto não seja importante. Entretanto sua filosofia cria seus valores, os quais determinam o quanto de valor você coloca nas coisas. Portanto se o seu valor nas pessoas é baixo, você irá tratar as pessoas como se fosse lixo. Como o líder pensa é crucial para como lidera. Seja como sua filosofia for assim será a seu desempenho como líder (Munroe, idem). [grifo nosso]
Assim, queremos concluir esse tópico, um dos mais instigantes da administração, levando você a refletir sobre a importância que você atribui ás coisas, e a importância que você tem atribuído às pessoas, afinal, a liderança se dá sobre as pessoas e não sobre as coisas.
Filosofia e Controle
Segundo a etimologia do termo, controle se origina do latim contra + rotulus(rolo, escrito, registro), portanto se refere à ação de verificar os escritos ou as contas dos rolos.Cabe aqui uma consideração histórica sobre a escrita, desenvolvida há mais de cinco mil anos.
Os livros surgiram a partir da invenção da escrita. Cada povo escrevia seus livros em materiais variados, conforme a disponibilidade. Quando se escrevia em materiais rígidos (barro, madeira, metal, osso, bambu), os livros eram feitos de lâminas ou placas separadas. Quando se escrevia em materiais flexíveis (tecido, papiro, couro, entrecasca de árvores), eram feitos em dobras e rolos. (Amaral, 2005)
Registros sempre foram formas de controle, conforme nos atesta a própria historia da escrita, que foi evoluindo na mesma medida em que se tornaram necessárias formas mais exigentes de controle.
Por analogia, compreendemos que controlar está relacionado ao conhecimento do processo como um todo, isto é, á capacidade de olhar para o processo de forma ampla. Quanto maior for o conjunto sobre o seu raio de “visão”, tanto maior será o seu controle sobre o conjunto.
Considerando que uma das características do filosofar é justamente a visão de conjunto, a ampliação do olhar sobre o todo, controlar passa a ser uma ação intimamente relacionada à capacidade de cognição filosófica do sujeito.
Considerações finais
Administrar, como sabemos, não é uma ação, mas o resultado de um conjunto de ações que demanda certas competências do administrador. Tais competências podem ser adquiridas, em alguns casos, ou inatas em outros, contudo, administrar de forma eficaz, profissional, implica em algo mais que essa intuição natural do ser humano.
Todos somos administradores, mas nem todos somos capazes de atingir a excelência em administração. Esta requer, além de habilidades naturais, conhecimentos técnicos, acadêmicos e científicos, que conjugados com as aptidões pessoais, elevam a tarefa aos níveis desejados de excelência no mercado altamente competitivo.
A Filosofia, enquanto uma postura do indivíduo diante da realidade, pode ser de grande auxilio ao profissional de administração uma vez que lhe permite potencializar os conhecimentos adquiridos e assumir condutas diferenciadas no ambiente profissional. Os relacionamentos interpessoais imbricados nas funções administrativas requerem do administrador, cada vez mais, a capacidade de ampliar seu olhar para além do óbvio, para além da zona de conforto. Ao responder a esse desafio o profissional está, mesmo sem o perceber, estabelecendo uma relação visceral entre a Administração e a Filosofia.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AMARAL, Suely. História da escrita: Surgimento e importância dessa linguagem, 2005. Disponível em http://educacao.uol.com.br/disciplinas/portugues.htmacesso em 25/06/2013.
ARAÚJO, Luis César G. Teoria Geral da Administração: aplicação e resultados nas empresas brasileiras. São Paulo: Atlas, 2004.
CARROLL, LEWIS. Alice no país das maravilhas. Edição Francisco Aschcar. São Paulo: 2000.
CHIAVENATO, Idalberto; ARÃO, Sapiro. Planejamento Estratégico. 1ª ed. - 4ª reimpressão. Rio de Janeiro: Elseivier, 2003.
DRUCKER, Peter. A Introdução a Administração. São Paulo. Pioneira. 1984.
FERREIRA, Aurélio. Dicionário de Língua Portuguesa (on line) disponível em http://www.dicionariodoaurelio.com/Planejar.htmlacesso em 19/5/2013.
ICMBIO. Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade. Plano de ação nacional para a conservação de aves de rapina / Coordenação-Geral de Espécies Ameaçadas. Brasília: 2008.
MUNROE, M. Filosofia da Liderança.Disponível emhttp://www.mylesmunroe.com.br/filosofiadalideranca.pdf, acesso em 03/06/2013.
___________ Tornando-se um líder. Disponível emhttp://www.mylesmunroe.com.br/tornando-seumlider.pdf, acesso em 03/06/2013.
PEARSON Education do Brasil: Visão Geral da Administração, 2008.
[2] A figura 3 foi compilada do Pearson Education do Brasil: Visão Geral da Administração, 2008.
[3]Myles MUNROE é professor, pastoradministrador, autor e palestrante motivacional. Embora tenha uma sólida formação acadêmica, - graduação em artes plásticas, educação e teologia pela Oral Roberts University dos USA (1978) e mestrado em administração pela Universidade de Tulsa (1980), - Monroe não é um autor propriamente acadêmico, mas sua obra e suas atividades á frentedo Bahamas Fé Ministries International (BFMI) e Myles Munroe International (MMI), dos quais é fundador e presidente, tem reconhecimento internacional, tanto no mundo acadêmico quanto fora dele. Nosso interesse em sua vasta obra se justifica a partir do trabalho que o mesmo desenvolve como diretor executivo e presidente do conselho da Internacional Third World Leaders Association e presidente da Internacional Leadership Training Institute. (Cf: www.wikipedia.org/wikimyles_munroe acesso em 25/06/2013)