Cosmologia

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COSMOLOGIA

COSMOLOGIA

 

  

 

A U L A  1

 

Fases da Cosmologia

 

Observemos alguns conceitos, conforme citados em Dicionário de Filosofia de N. Abbagnano:

  1. “Ciência do mundo e do universo em geral enquanto é um ente composto e modificável.” (Wolff, C. Generalis, 1731);
  2. “A ideia cosmológica é a ideia do mundo como totalidade absoluta das coisas existentes”. (Kant, Crítica da Razão Pura,);
  3. “Fases da Cosmologia: 1. A fase da passagem do mito para a especulação, 2. A fase clássica da cosmologia geocêntrica e finitista; 3. Moderna, heliocêntrica; 4. A fase contemporânea caracterizada por várias alternativas de interpretação." (Abbagnano)

A Cosmologia enquanto "afastamento dos mitos e tentativa de encontrar uma explicação racional do mundo natural" (Abbagnano) apresentam as seguintes escolas:

 

1. Os pré-socráticos: ensaiaram as primeiras teorias explicativas do mundo natural;

  • Os milésios: explicavam o universo em sentido prático-místico.
  • Os Pitagóricos: entenderam o mundo como um cosmos (o mundo ordenado) objetivo, exprimível matematicamente. Com Filolau (séc. V A.C.) rejeitou-se a teoria teocêntrica, tendo pela primeira vez uma concepção heliocêntrica da terra, defendida posteriormente por Heráclides Pôntico e Aristarco de Samos (Séc. III).


2. Fase da astronomia clássica e da filosofia da Natureza:

  • Platão: entendia o cosmo como reflexo do mundo das ideias;
  • Aristóteles: fundamentou suas explicações do universo nos pré-socráticos avançando para um entendimento empírico do mundo.

3. Fase crítica à concepção clássica: Final da Idade Média.

  • Ockham: Concebia a infinitude do mundo e a possibilidade da existência de outros mundos;
  • Giordano Bruno: Conexão entre infinitude do mundo e a astronomia heliocêntrica;
  • Newton: Concepção de um mundo matemático;

4. Fase do mundo finito, mas não limitado: Metade do século XX.

  • Uso dos grandes telescópios;
  • Einstein: O espaço do universo é elíptico;
  • Hubble: As nebulosas extra-galácticas distribuídas pelo espaço de modo uniforme e homogêneo;
  • Eddington e Lamaitre: Modelo dinâmico do universo. O universo está em expansão;

 

 

A U L A  2

 

1ª FASE: TRANSIÇÃO DOS MITOS À ESPECULAÇÃO

Fonte de Referência: GLEISER, M. A dança do universo. São Paulo: Cia das letras, 1997. (p.41-89)]

 

As 1ªs Cosmologias

As primeiras cosmologias (Teorias acerca da origem e ordenamento do universo) surgiram entre os gregos:

  • -Homero è Universo tinha uma forma de “casca de ostra”. O céu era feito de ouro e bronze; sustentado por pilares.
  • -Babilônios è Elaboraram um calendário sofisticado, mas sem preocupação com as causas. (os mitos explicavam)

Os Jônios: a questão central dos Jônios era a “composição” do universo (do que era feito):

  • *Tales de Mileto è O princípio de tudo é a “água”: por suas qualidades de Mutação. A Água poderia fazer o trânsito entre o Céu e a Terra (chuva); entre os estados físicos; líquido, sólido e gasoso; era necessária para a vida (Cosmo = organismo vivo); Alma = princípio vital do Cosmo.
  • *Anaximandro è O princípio de tudo é o “Àpeiron” (o indeterminado). Para Anaximandro o universo era eterno e infinito; a Terra cilíndrica era o seu centro (A razão entre o Diâmetro de o Raio era de 1/3). A Terra era cercada por uma roda cósmica de fogo, na qual o sol, as estrelas e a lua eram “furos” nessa roda cósmica que “dançava” sozinha. (movimento próprio).
  • *Anaxímenes è o princípio de tudo é o “ar”. Devido ás suas características de explicar, por exemplo, o frio e o calor. (Ar comprimido é frio, Ar rarefeito é quente). Para Anaxímenes, as estrelas estavam fixas a uma “esfera cristalina giratória”. A ideia de esfera cristalina é mais coerente que a “esfera sólida e furada” de Anaximandro.
  • *Heráclito è o princípio de tudo é o “fogo”, pois somente ele explica o constante “devir” (vier a ser) das coisas. Tudo é movimento, e o princípio está na tensão dos opostos, cujo equilíbrio é resultante da complementaridade entre tais opostos. O “Fogo”, pela capacidade de mutação, tudo é capaz de transformar. O Universo é um “fluxo constante” e os elementos celestes (estrelas, sol e lua) são, na verdade, “pratos de fogo”.

Os Eleáticos: superam os Jônios, pois já conseguem estabelecer uma raiz metafísica do Cosmo:

  • *Parmênides è “A realidade é imutável”: EON = Ser onipresente = UNO (Ideia do lago). No exemplo de Aquiles e a tartaruga exemplifica a imutabilidade das coisas. (V= razão entre ∆S e ∆T (V =∆T/∆S). A imutabilidade parmenídica fundamenta, até hoje, as leis universais da ciência moderna (= as leis da física).

Os Pitagóricos: síntese entre filosofia e religião

  • *Os Pitagóricos è “tudo é número”. Enquanto os jônicos procuravam a “arché” nas substâncias físicas, os pitagóricos conseguem percebê-la na “forma” das coisas. O Ser das coisas, aquilo que faz elas serem o que são, não é a substância de que são feitas, mas a forma que contêm”. Percebem no “número” o elo entre a razão humana e a mente divina. Os astros celestes (Sol e planetas) também estão em harmonia, como uma grande sinfonia cósmica. A distância entre eles são como intervalos musicais. Movimento do Sol revela a harmonia das esferas. Os pitagóricos foram os primeiros a sugerirem que a terra estava em movimento e que não era o centro do universo.
  • *Filolau è A terra gira em torno do “fogo central” (forno do universo) que gerava toda a energia do universo. O “forno era invisível” porque estava do lado oposto ao lado habitado da terra. (Fogo = Héstia). Os pitagóricos foram, também os primeiros a estabelecerem uma ordem dos astros celestes: Forno, Lua, Sol, Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter, Saturno, esfera cristalina das estelas fixas.

Os atomistas: buscaram avançar em direção a algo mais concreto, mas tentaram também conciliar as cosmologias anteriores dos jônicos, dos eleáticos e dos pitagóricos. Afirmaram a existência de partículas indivisíveis, os “Átomos” (= não divisível) que seriam o substrato fundamental da realidade.

  • *Leucipo è “A mutação jônica não é totalmente incompatível com a estática essência imutável eleática”. Átomos são infinitamente numerosos, densos e de infinitas formas; movem-se no vazio (= vácuo) e se chocam, se unem e formam estruturas diferentes de si mesmo, mas respeitando sua compatibilidade geométrica. As diferentes substâncias resultam das diferentes formas dos átomos. (A Ciência moderna afirma que a matéria é formada por “agregados de átomos”, mas de formas finitas, divisíveis e finitos em quantidade).
  • *Demócrito è afirmava que o mundo era criado a partis do movimento de agremiação (junção) dos átomos geometricamente compatíveis. Uma infinidade de átomos = infinidade de mundos. “Tudo é basicamente redutível ao átomo movendo-se no vazio”.

O papel da ciência é desvendar os cantos obscuros da ignorância, independente de qualquer subjetividade. O cientista está individualmente nas opções que ele faz, nos métodos, nas linhas de pesquisa etc. “Criada pelo indivíduo, a ciência acaba alcançando o universal”. (M. Gleiser, 1997).

 

Resumo

Jônicos = redução da natureza a um único elemento.

Eleáticos = mundo estático, imutável.

Pitagóricos = mundo harmonioso de movimento aparente.

Atomistas = buscam conciliar todas as teorias com o Átomo.

 

 



 

 AULA 3

 



 

GEOCENTRISMO E HELIOCENTRISMO 

 

 

Geocentrismo

 

 GEOCENTRISMO

 

Representação artística do modelo geocêntrico, 1660.

 

 

 

A teoria do universo geocêntrico ou geocentrismo foi criada por Ptolomeu e Aristóteles que aderem à hipótese de que a Terra estaria parada no centro do universo com os corpos celestes, inclusive o Sol, girando ao seu redor. Essa visão predominou no pensamento humano até o resgate, feita por Nicolau Copérnico da teoria heliocêntrica, criada por Aristarco de Samos.

 

O geocentrismo não deve ser confundido com a teoria da Terra plana - a noção de que na Idade Média os estudiosos achavam que a Terra era plana é um mito.

 

A Bíblia possuiu referências supostamente atribuídas à teoria geocêntrica no relato de uma batalha de Josué (onde Deus faz "parar o Sol").

 


 


 

COSMOLOGIA DE ARISTOTELES 



 

 

 

Aristóteles (384-322 a. C)

 

 

 

Teoria do Conhecimento - A teoria do conhecimento de Aristóteles fundava-se nos princípios. por ele estabelecidos, para o pensamento lógico. Inicialmente, a partir dos dados sensíveis e das opiniões comuns, pela dialética (definida como aproximadamente o pensamento indutivo), deveriam ser determinadas premissas, a partir das quais, por deduçãoo filósofo chegaria às verdades. Assim, Aristóteles, diferentemente de Platão, enfatizava que o conhecimento se apoiava na aceitação da experiência sensível e de outros princípios indemonstráveis.

 

O conhecimento, para Aristóteles, buscava atingir o geral que explica o particular; o inteligível que é a razão do sensível. O geral e o inteligível eram quase sempre identificados com as formas, definidas como aquilo que faz com que o objeto seja de tal ou tal maneira. A partir da determinação das formas, seria possível demonstrar, por dedução, que os efeitos observados se derivavam destes princípios e que, assim, eram explicados a partir de um princípio primeiro e mais geral, que era a sua causa. Conhecer seria, assim, demonstrar por via de uma trajetória causal, que o ser é desta ou daquela maneira e não de outra.

 

 

 

Substância - A definição de forma era necessária antes de qualquer demonstração, pois todos os efeitos eram considerados como atributos de alguma substância e se demonstrava a causa de um efeito, quando o efeito podia ser predito como um atributo de uma substância definida. Esta definição podia incluir tudo acerca de uma coisa, sua cor, tamanho, forma, relações com outras coisas, etc. Nenhum atributo, isto é, nenhum efeito ou evento podia existir, a menos que fosse inerente a alguma substância e, em verdade, os atributos e as substâncias podiam ser separados somente em pensamento. Ou seja, para a concepção aristotélica de demonstração científica, era essencial reduzir toda a ciência a proposições do tipo sujeito-objeto.

 

 

 

Matéria e Forma - Aristóteles deu o nome de forma à physis ou natureza, vista como fonte intrínseca espontânea da transformação e do repouso. Para ele, matéria estava relacionada ao princípio passivo que implicava a potencialidade para receber os atributos que se atualizavam com a forma. A natureza de uma coisa em ambos os sentidos implicava uma substância à qual era inerente; a forma e a matéria determinavam a natureza da substância.

 

 

 

Matéria e potência - Aristóteles negava a teoria platônica das formas com existência separada das coisas físicas. Na concepção de mundo aristotélica, as coisas eram vistas como dotadas de tendências naturais ou apetites, que as levavam a completar sua natureza ou forma. Realizar este fim equivalia a possuir positivamente as potencialidades naturais em sua completa atualidade; e deste modo, a natureza era a fonte ativa, não apenas das transformações e dos movimentos naturais, como da plenitude natural ou repouso. Para ele, a transformação (por ex., o movimento, ou o crescimento) era a atualização dos atributos potenciais: este estado de potencialidade existiria entre o ser e o não-ser.

 

Uma coisa se comportava naturalmente quando o fazia segundo a natureza de seu princípio intrínseco de transformação; mas havia os movimentos antinaturais, forçados, violentos, como o de uma pedra lançada para cima, movimento que lhe era imposto. Tudo era explicado em termos de atributos potenciais que se tornavam atuais. Como a propriedade de padecer eclipses, um atributo da Lua, que devia ser incluído na definição da substância lunar.

 

Nos seres vivos, o agente ativo ou alma, lhes era intrínseco.

 

 

 

As quatro causas - Aristóteles distinguia 4 causas , das quais duas, a material e a formal definiam a substância que se transformava: e duas, a eficiente e a final, que produziam o movimento efetivo. Por ex., na geração dos animais, a fêmea não portava nenhum germe ou ovo, sendo matéria passiva da qual se fazia o embrião. Era a causa material. causa eficiente era o pai, cujo sêmen atuava como o instrumento que punha em marcha o processo de crescimento. O sêmen masculino levava, também, a causa formal, a forma específica que determinava que tipo de animal o embrião seria. E, como representava o estado final adulto, fim do desenvolvimento, era a causa final.

 

 

 

Cosmologia - A Cosmologia aristotélica partia de dois princípios fundamentais. Primeiro, que o comportamento das coisas se devia a formas determinadas qualitativamente ou naturezas. Segundo, que a totalidade destas naturezas estava disposta para formar um conjunto, hierarquicamente organizado ou cosmos. Este cosmos ou universo possuía muitos traços comuns com o de Platão e dos astrônomos Eudoxo e Calipo, do século IV a.C., que haviam ensinado que o cosmos era esférico e que possuía um certo número de esféricas concêntricas, sendo a mais externa a das estrelas fixas. A Terra estaria no centro.

 

Para Aristóteles, o cosmos era uma esfera vasta mas finita, com a Terra no centro e limitada pela esfera das estrelas fixas, que eram , também o Primeiro Motor, a fonte original de todos os movimentos do universo. Rodeando a Terra esférica, estavam distintas esferas, as 3 primeiras correspondendo aos elementos terrestres: água, ar e fogo. Rodeando a esfera do fogo, estavam as esferas cristalinas, nas quais estavam inseridas, e por elas eram transportados a Lua, Mercúrio, Venus, o Sol, Marte, Júpiter e Saturno, os sete planetas. Depois, a esfera das estrelas fixas e depois dela, nada.

 

Deste modocada tipo de corpo ou substância possuía seu lugar natural e um movimento natural em relação a este lugar. O centro da Terra, centro do universo, era o referenciai deste movimento. A esfera lunar dividia o universo em duas regiões distintas, a terrestre e a celeste. Na primeira, os corpos estavam sujeitos a 4 tipos de movimentos e seu movimento natural era retilíneo, em direção a seu lugar natural, onde podia ficar em repouso. Por isso, o fogo, cujo lugar natural era o alto, parece leve; e a terra, cujo lugar natural é abaixo, nos parece pesada. Os corpos celestes eram formados de um quinto elemento ou quintaessência, incorruptível, dotado do movimento circular uniforme, um movimento eterno.

 

 

 

Bibliografia: 

 

F.Leopoldo e Silva “Teoria do Conhecimento” in A.M.de Oliveira et all. Tópicos de Filosofia Geral. São Paulo: Brasiliense, 1990.

 

F.Châtelet(ed), A Filosofia Pagã, 1o vol. História da Filosofia. Rio de Janeiro: Zahar, 1973.

 

M.Chauí, Introdução à História da Filosofia. 1ovol., São Paulo: Brasiliense, 1994.

 

S.F.Mason, História das Ciências. Porto Alegre: Globo, 1960.

 

AC.Crombie, Historia de Ia Ciência- De San Agustín a Galileo. 2 vols., Madri: Alianza, 1974.

 

 

 

Origem filosófica do geocentrismo

 

Os filósofos gregos haviam percebido que embora o mundo fosse formado por objetos dos mais distingos, havia algo de comum na matéria que os compunha. Desta forma, por exemplo, uma árvore e uma tábua, se fossem divididas diversas vezes até se obter uma parte diminuta, resultaria em uma mesma matéria. O mesmo ocorria, por exemplo, entre espada e corrente. Desta forma começa a surgir a teoria atômica, que acreditava que tudo o que havia na natureza, se dividido na menor parte possível, chegaria a uma matéria primordial da qual tudo o que existia era feiro. Tal matéria recebia o nome de "indivisível" ou átomo ( a = não, tomo = divisão )

 

Começa então uma espécie de corrida filosófica para descobrir que material era esse tal átomo. A dicussão chega a propor algumas soluções. Por exemplo, a água, pois da água se faz ar (vapor de água) se faz blocos sólidos (gelo) etc. Mas da água seria impossível criar, por exemplo, fogo. Outra corrente propunha que o átomo ou elementos primordial fosse o ar, pois ele poderia ser condensado formando água (não diferiam vapor de água de ar) e poderia ser "transformado" em fogo (uma vez que se tirassem o ar do fogo ele apagaria, desconheciam, obviamente o princípio comburente do oxigênio, esse seria descoberto mais de mil anos depois)

 

O fato é que um filósofo grego de nome Empedocles de Agrinito propôs uma solução diferente, onde havia quatro elementos primordiais, e não somente um. Esses quatro elementos seriam: Terra, Água, Fogo e Ar. Eles nunca se misturavam com o seu oposto (terra -- ar) (fogo - água), mas poderiam misturar-se entre si, como água e terra formava argila, que formaria tijolos, etc. Ou água e ar formavam "nuvem" que formava os raios, etc.

 

Esse sistema acaba sendo ampliado por outros filósofos como Euclides, que propõe que os 4 elementos tenderiam, pela natureza a se agrupar em esferas. Desta forma a esfera mais pesada ficaria no centro, uma esfera de terra. Após essa uma esfera de água a envolvendo, uma esfera de ar envolvendo essa e por fim uma esfera de fogo envolvendo as demais.

 

A esfera de terra no centro é o nosso planeta (de onde sabiam que a terra era redonda), a esfera de água os oceanos e mares, a esfera de ar a nossa atmosfera, e por fim a esfera de fogo teria se transformado em um grande bloco de fogo de um lado, o sol, e um bloco pequeno com vários pontos de fogo do outro: A lua e as estrelas. Esse círculo de fogo ( estrelas e sol ) girariam em torno dos outros círculos, a terra.

 

Havia apenas sete pequenos problemas nesse sistema, e eles é que permitiram a derruma por completa do sistema geocêntrico. Sete estrelas não giravam na mesma velocidade das demais, de por isso foram chamadas de "andarilhos" ou planetas. O estudo mais aprofundado desses planetas demonstrou que na verdade o geocentrismo havia sido um engano perpetuado por mais de 2000 anos.

 

Os sete planetas (astros errantes), na ordem de distância à Terra, eram: Lua, Mercúrio, Vênus, Sol,Marte, Júpiter e Saturno. Excluido o Sol e a Lua, eles tinham, na tradição grega, nomes associados aos principais deuses:

 

  • Mercúrio - Hermes - Mensageiro dos Deuses (é o com movimento mais rápido no céu)
  • Vênus - Afrodite - Deusa do Amor e da Beleza (é o mais luminoso, portanto o mais bonito no céu)
  • Marte - Áries - Deus da Guerra (é o mais vermelho)
  • Júpiter - Zeus - Deus Supremo
  • Saturno - Cronos - Pai de Zeus e Deus do Tempo (é o que tem movimento mais lento).

 

Repare que não havia nenhuma menção a Urano e Netuno; esses dois não podem ser vistos a olho nu, e só puderam ser descobertos depois da invenção do telescópio. Por uma questão de tradição, eles seguiram o padrão de nomeclatura: Urano é a representação do próprio céu, e Netuno (Poseidon) é o Deus dos Mares (assim batizado pela sua coloração azul). O mesmo se pode dizer de Plutão (Hades), Deus do Mundo Inferior.

 

 

 

 

 

Heliocentrismo

 

Teoria científica que afirma ser o Sol o centro do sistema solar. Esta teoria foi proposta pela primeira vez pelo astrônomo grego Aristarco de Samos[1], mas só com Nicolau Copérnico e em especial com Galileu Galilei é que se tornou mais sustentada.

 

Hélio, nesse sentido, se refere ao deus grego Hélios, e não ao elemento químico hélio.

 

Alguns autores medievais já especulavam que a Terra era redonda, mas aceitavam erroneamente o geocentrismo como fora estruturado por Aristóteles e Ptolomeu, esse sistema cosmológico ensinava que a Terra estava parada no centro do universo e os outros corpos orbitavam em círculos concêntricos ao seu redor. Na época a Igreja Católica aceitava amplamente esse modelo, apesar de a esfericidade da Terra estar em aparente contradição com interpretações literais de algumas passagens bíblicas. Essa visão geocêntrica tradicional foi abalada por Copérnico, que em 1514 começou a divulgar um modelo matemático em que a Terra e os outros corpos celestes giravam ao redor do Sol. Essa era uma teoria de tal forma revolucionária que Copérnico escreveu no seu de revolutionibus: "quando dediquei algum tempo à idéia, o meu receio de ser desprezado pela sua novidade e o aparente contra-senso, quase me fez largar a obra feita".

 

O novo modelo era oportuno porque facilitava os cálculos para definir o posicionamento dos planetas no zodíaco e, por isso, começou a ser usado por pessoas interessadas no posicionamento dos astros no céu. Por outro lado, a maioria dos teóricos inicialmente achava pouco provável que essas idéias representassem o que de fato ocorria no universo físico e a tese permaneceu um tabu nos estabelecimentos oficiais de ensino. Em 1592, mesmo já tendo conhecimento dos trabalhos de Copérnico e possivelmente com receio das críticas, o próprio Galilei ensinou apenas as teses aristotélicas aos seus alunos de medicina na Universidade de Pádua (na altura a astrologia e a medicina eram campos oficialmente relacionados). Numa carta a Johannes Kepler em 1597, Galilei lamentou o destino "do nosso professor Copérnico, que embora tenha alcançado uma fama imortal perante alguns, foi ridicularizado e assobiado por uma multidão infinita (pois tão grande é o número dos idiotas)".

 

Mais tarde, entretanto, Galileu encontrou argumentos que sustentavam a teoria do heliocentrismo através de observações com o seu telescópio. Um desses argumentos foi a observação em 1604, 5 anos depois do seu primeiro telescópio, de aquilo a que hoje chamamos de uma Supernova. Galilei pensou que fosse uma nova estrela e chamou-lhe "Nova". Quando passou a defender o heliocentrismo como uma verdade literal, isso lhe rendeu muitos problemas com a Igreja Católica, que, por razões principalmente teológicas, mas também por não haver ainda comprovação cabal do novo modelo, insistia que Galileu tratasse o heliocentrismo apenas como uma hipótese.

 

 

 

A controvérsia com a Igreja Católica

 

É em torno da tese heliocêntrica que surge um dos pontos mais marcantes do relacionamento entre o Catolicismo e o conhecimento científico. O sistema que estava estabelecido era baseado no geocentrismo, que colocava a Terra como estando parada no centro do universo. Mas em 1514, Nicolau Copérnico começa a divulgar a hipótese de que era ao redor do Sol, e não da Terra, que giravam os planetas. Copérnico baseou-se nas suas observações dos astros a olho nu. Não tinha qualquer prova decisiva. Nesse primeiro momento ainda não são encontradas críticas sistemáticas ao modelo por parte do clero católico. Membros importantes da cúpula da Igreja ficaram positivamente impressionados pela nova proposta e insistiram que Copérnico publicasse um livro explicando mais detalhadamente suas idéias. Essa publicação acabou só acontecendo em 1543, pouco antes da morte do astrônomo e quase 30 anos depois do início da divulgação dessas teses.

 

Críticas sistemáticas de religiosos católicos contra o sistema Heliocêntrico surgiram apenas muitas décadas mais tarde, com Galileu Galilei. Convencido de que a hipótese de Copérnico era verdadeira, Galileu passou a sustentar aquela teoria, nomeadamente através da observação dos astros através do recém-inventado telescópio. Isso lhe rendeu muitos problemas com a Inquisição. Num primeiro julgamento, a Igreja limitou-se a ordenar que Galileu continuasse apresentando o heliocentrismo como uma mera hipótese que ainda precisasse de mais comprovação (a não ser que provas conclusivas surgissem). Galileu conteve-se alguns anos, desviando os seus estudos para outros temas. Porém, quando foi eleito um novo Papa, de espírito mais aberto para a ciência, Galileu voltou a dedicar-se ao tema. Num segundo julgamento, ele acabou sendo condenado à prisão (por tempo indeterminado), e viveu os nove últimos anos de sua vida em prisão domiciliar. Galileu continuou tendo acesso a instrumentos científicos e foi nesse período final que elaborou conceitos sobre o movimento dos corpos que são os fundamentos da dinâmica. A obra mais polêmica de Galileu foi colocada no Index, então um instrumento recém-criado. Além disso, de forma silenciosa o poder clerical fez com que a divulgação de seus outros textos fosse por um bom tempo impossível em grande parte dos países católicos.

 

Galileu tornou-se a única pessoa já condenada pela Inquisição por ter defendido teses estritamente científicas e é um exemplo muito citado em debates que falem de "fé versus ciência". Entretanto, esse evento envolve elementos muito mais complexos do que simplesmente uma controvérsia entre esses dois modos de ver o mundo. Parte do problema, no que tange o Catolicismo, foi que Galileu viveu uma época atribulada na qual a Igreja Católica endurecia sua doutrina para fazer frente à Reforma Protestante. Durante a Idade Média, muitos teólogos já haviam reinterpretado as escrituras de forma relativamente livre e constante sem que ocorresse nenhum incidente, mas depois do Concílio de Trento a Igreja passava a considerar esse tipo de comportamento intolerável. A tese heliocêntrica exigia que a Igreja reinterpretasse certas passagens da bíblia exatamente no momento em que ela estava menos disposta a fazê-lo. Galileu acabou condenado e a doutrina da Igreja permaneceu por muito tempo fiel ao geocentrismo.

 

 

 

A defesa do Heliocentrismo

 

Os autores medievais defendiam que a Terra era redonda, mas aceitavam erroneamente o geocentrismo como fora estruturado por Aristóteles e Ptolomeu. Esse sistema cosmológico ensinava que a Terra estava parada no centro do universo e os outros corpos orbitavam em círculos concêntricos ao seu redor. A Igreja Católica aceitava esse modelo, apesar de a esfericidade da Terra estar em aparente contradição com interpretações literais de algumas passagens bíblicas. Essa visão geocêntrica tradicional foi abalada por Nicolau Copérnico, que em 1514 começou a divulgar um modelo matemático em que a Terra e os outros corpos celestes giravam ao redor do Sol, tese que ficou conhecida como heliocentrismo. Nesse primeiro momento não se encontram muitas críticas por parte do clero católico. Aliás, membros importantes da hierarquia clerical ficaram bem impressionados como o novo modelo e insistiram que essas idéias fossem mais bem desenvolvidas.

 

Críticas sistemáticas de religiosos católicos só ocorreram quase um século depois, com Galileu Galilei, numa época atribulada em que a Igreja Católica endurecia sua doutrina para fazer frente à Reforma Protestante. Convencido de que o modelo de Copérnico era verdadeiro, Galileu passou a sustentar aquela teoria, através da observação dos astros, no recém-inventado telescópio. O fato de apoiar o heliocentrismo como uma verdade literal (e não apenas como um modelo hipotético) acabou lhe rendendo muitos problemas com a Inquisição. Num primeiro julgamento, em 1616, a Igreja limitou-se a ordenar que Galileu continuasse apresentando o heliocentrismo como uma mera hipótese (a não ser que provas conclusivas surgissem). Galileu conteve-se alguns anos, desviando os seus estudos para outros temas.

 

Porém, encorajado pela eleição de Cardinal Barberini como o Papa Urbano VIII, em 1623, Galileu reviveu seu projeto de escrever um livro sobre o tema. O novo papa era amigo e admirador de Galileu, e havia se oposto à condenação de 1616. Galileu obteve permissão papal para escrever seu livro, que foi publicado em 1632, sob o título de Diálogo Sobre os dois Grandes Sistemas do Universo, com autorização formal da inquisição.

 

Quando autorizou que o livro fosse escrito, o Papa Urbano VIII havia pedido pessoalmente que Galileu tomasse cuidado para não ser tendencioso em favor do heliocentrismo e apresentasse tanto argumentos contra quanto a favor do novo sistema. O Papa havia feito outro pedido: que sua visão acerca do tema fosse incluída no texto. Apenas o segundo dos pedidos foi atendido por Galileu. No livro, o personagem Simplicius, que era o defensor do Geocentrismo, caía freqüentemente nos próprios erros e, algumas vezes, passava por tolo. Isso fez o escrito soar como um ataque contra o Geocentrismo Aristotélico e uma defesa da teoria de Copérnico. Para piorar a situação, Galileu colocou as palavras do Papa Urbano VIII justamente na boca de Simplicius. A maior parte dos historiadores entende que Galileu não agiu por malícia e teria ficado surpreso com a reação ao seu livro. O Papa, por outro lado, ficou muito incomodado com o embaraço público de ter suas palavras na boca do "tolo" do livro e com a clara parcialidade do texto.

 

Galileu perdera um de seus maiores e mais poderosos aliados, o Papa, e foi chamado em Roma para se explicar. Num novo julgamento ele acabou sendo condenado à prisão por tempo indeterminado, vivendo os nove últimos anos de sua vida em prisão domiciliar. Galileu continuou tendo acesso a instrumentos científicos; foi nesse período final que elaborou conceitos sobre o movimento dos corpos que são os fundamentos da dinâmica. Por outro lado, a obra mais polêmica de Galileu foi colocada no Index, então um instrumento recém-criado. Além disso, de forma silenciosa o poder clerical fez com que a divulgação de seus outros textos fosse por um bom tempo impossível em grande parte dos países católicos.

 

Com a teoria heliocêntrica, Galileu tornou-se a única pessoa já condenada pela Inquisição por ter defendido teses estritamente científicas e é um exemplo muito citado em debates que falem de "fé versus ciência". Entretanto, esse evento envolve elementos muito mais complexos do que simplesmente uma controvérsia entre esses dois modos de ver o mundo. De fato, a condenação de Galileu é um tema tão complexo que há historiadores que dedicam toda a sua carreira a analisar somente esse ponto da história da ciência.

 

Como já foi mencionado, Galileu viveu uma época atribulada. Durante a Idade Média, muitos teólogos já haviam reinterpretado as escrituras de forma relativamente livre e constante sem que ocorresse nenhum incidente, mas depois do Concílio de Trento a Igreja passava a considerar esse tipo de comportamento inaceitável. A tese heliocêntrica exigia, portanto, que a Igreja reinterpretasse certas passagens da bíblia exatamente no momento em que ela estava menos disposta a fazê-lo. Galileu acabou condenado e a doutrina da Igreja permaneceu por muito tempo fiel ao geocentrismo[2].

 

 

 

Galileu Galilei, na primeira metade do século XVII, reforçou a teoria heliocêntrica com o uso do recém-inventado telescópio, pois viu que a Via Láctea é formada por uma infinidade de estrelas. Ao invés de nuvens, observou as manchas solares, mapeou as crateras e montanhas na Lua, descobriu a existência de satélites ao redor de Júpiter, além de observar Saturno e os seus anéis.

 

Quando passou a defender o heliocentrismo como uma verdade literal, isso lhe rendeu muitos problemas com a Igreja Católica, que, por razões principalmente teológicas, mas também por não ter havido ainda comprovação cabal do novo modelo, insistia que Galileu tratasse o heliocentrismo apenas como uma hipótese.

 

Em 1615, Galileu escreveu uma carta para a grã-duquesa Cristina da Holanda dizendo:

 

 

 

"(sic)...alguns anos atrás, como sabe sua Alteza, ví no céu muitas coisas que nunca ninguém viu até então. A novidade e as consequências se seguiram em contradição com as noções físicas comumente sustentadas entre académicos e filósofos que se voltaram contra mim um número grande de professores e eclesiásticos como se eu tivesse colocado as coisas no firmamento com as minhas próprias mãos para alterar a natureza e destruir a ciência e o conhecimento. Esquecem-se pois, que as verdades a crecer estimulam as descobertas e as investigações estabelecendo assim o crescimento das artes..."

 

 

 

Em 1633, Galileu foi a julgamento e terminou oficialmente condenado por "grave suspeita de crime de heresia", ficando oito anos em prisão domiciliária próximo a Florença, onde veio a morrer. Em 1979 o papa João Paulo II, 346 anos depois da condenação, ilibou-o do julgamento executado pela Inquisição.

 

 

 

Fé e Ciência

 

Com a teoria heliocêntrica, Galileu tornou-se a única pessoa já condenada pela Inquisição por ter defendido teses estritamente científicas e, por isso, é um exemplo muito citado em debates que falem de "fé versus ciência". Entretanto, este evento envolve elementos muito mais complexos do que simplesmente uma controvérsia entre estes dois modos de ver o mundo. Há historiadores que dedicam toda a sua carreira a analisar apenas este ponto da história para tentar entendê-lo em todas as suas dimensões. Para uma visão mais completa, ver também os artigos sobre Heliocentrismo e a biografia de Galileu Galilei.

[Fonte:www.wikipedia.com]

 

 

 

 

 



[1] Aristarco de Samos, astrônomo grego (Samos, c. 310 a.C.? - 230 a.C.?) foi o primeiro cientista a propor que a Terra gira em torno do Sol.

Por tal afirmação, foi acusado de impiedade por Cleanto, o Estóico. Apenas uma obra sua é conhecida: Sobre os tamanhos e distâncias entre o Sol e a Lua. Neste tratado, Aristarco realizou cálculos geométricos das dimensões e distância do Sol e da Lua.

Todavia, sua afirmação heliocêntria não aparece neste trabalho. Na verdade, ela é conhecida através de uma referência feita por Arquimedes no seu Arenarius. A teoria heliocêntrica somente ganharia reconhecimento e validade mais de mil anos depois, com Copérnico.

 

[2] Nota: O presente texto aborda apenas algumas das muitas facetas da condenação de Galileu. Não foram mencionados, por exemplo, fatores relevantes envolvendo modelos cosmológicos como o de Tycho Brahe.